A transformação de ativos físicos em ativos digitais é hoje uma das funcionalidades mais importantes da tecnologia blockchain no Brasil. Com a regulação em debate e a adesão crescente, os processos de tokenização deixaram a fase experimental e consolidaram o país como uma liderança regional. Nesse sentido, o desenvolvimento de plataformas entraram no horizonte de pesquisadores e especialistas, a exemplo do GT Carbon ID, que faz parte do Projeto Ilíada e desenvolve uma aplicação de tokenização.
A Carbon ID é pensada como plataforma que apóia o gerenciamento do ciclo de vida dos créditos de carbono do mercado voluntário por meio de tecnologias descentralizadas. Ela usa ambientes multi-inquilinos possibilitando atender a vários clientes, com isolamento e independência de cada um desses usuários. Assim, é possível ter escalabilidade, personalização, redução de custo, por causa da infraestrutura compartilhada. Além disso, a plataforma garante rastreabilidade para acompanhar o ciclo de vida dos ativos e ações, portanto, aumenta transparência, auditoria e confiança.
Inicialmente, a plataforma é desenvolvida com foco no mercado de carbono, mas as funcionalidades podem ser adaptadas para outros processos de tokenização como a conservação de biodiversidade, cotas sociais, gestão de Patrimônio Cultural, entre outros. Em todas essas aplicações, desafios podem aparecer aliados às especificidades do setor. No caso do mercado de carbono, os desafios são a falta de regulamentação específica, a dificuldade dos públicos (em produtores, compradores, autores) na navegação e acesso a sistemas, e o risco de dupla contagem (greenwash).
Funcionamento
A Carbon ID utiliza Identidades Digitais Descentralizadas (IDD) para assegurar a autenticidade dos usuários. Essa autenticação é provida pela plataforma ChainID, desenvolvida anteriormente por alguns membros do GT em outro projeto. Isso previne fraudes e assegura a interoperabilidade entre diferentes instituições e sistemas.
A arquitetura da Carbon ID é modular, preparada para escalar. Cada etapa, desde a submissão do projeto até a emissão dos créditos, é automatizada por um motor de regras rastreável. Funciona assim: o produtor rural que adota práticas sustentáveis pode transformar sua área em um projeto de crédito de carbono. Esse projeto é enviado para uma certificadora, que analisa e valida as informações. Com tudo aprovado, os créditos são emitidos e colocados à disposição no mercado. Tudo de forma segura, transparente e verificável.
A Carbon ID foi projetada para ser intuitiva e acessível, o que permite a qualquer participante criar e gerenciar seus projetos de forma simples. Todos os registros do processo ficam salvos na blockchain, garantindo integridade, rastreabilidade e confiança nas transações. Já os documentos técnicos e evidências associados aos projetos são armazenados de forma segura e durável, sempre disponíveis para auditorias e verificações.