Tokenização de energia renovável 

Tokenização de energia renovável
Imagem: Evgeniy Alyoshin/Unsplash

O setor de energia é historicamente centralizado em grandes distribuidoras de serviços, mas com a tecnologia blockchain, estão surgindo metodologias mais descentralizadas, permitindo compra e venda de ativos relacionados à energia renovável. Tudo isso, por meio da tokenização, que é o processo de converter direitos de um ativo real – como energia gerada em usina solar ou em usina fotovoltaica – em token digital. Este token, por sua vez, pode representar unidades de energia ou capacidade de geração e serem negociadas no mercado.

Dessa  maneira, qualquer pessoa pode se tornar investidora de uma usina solar ou fotovoltaica, comprando um token, da mesma forma que se compra uma criptomoeda. A tecnologia blockchain, por meio dos smart contracts, garante transparência, segurança jurídica e liquidez dessas operações.

Um exemplo é a Tokeniza , uma plataforma de tokenização de ativos via crowdfunding.  A plataforma lança no mercado um token relacionado a uma usina fotovoltaica já construída, equipada e com contratos de fornecimento assinados. Junto ao lançamento,  informa a rentabilidade do ativo (geralmente, acima de investimentos tradicionais) e dá oportunidade de compra dos tokens. O token tem valor inicial de R$1 mil e, em troca, a empresa paga dividendos mensais de 2% (por 40 meses). O dinheiro vem da comercialização de energia gerada na usina.

Investimento rentável

Outro modelo é a Brillacom Light DeFi, que atua com usinas de energia fotovoltaica, e remunera os investidores com uma espécie de “cashback” ligado à energia elétrica produzida e comercializada. A plataforma emite token que dá acesso a produtos e serviços, funcionando como moeda corrente do ecossistema das usinas fotovoltaicas. As usinas são construídas com recursos oriundos das taxas transacionais de operações feitas na plataforma blockchain. Cerca de 30% do lucro líquido obtido com a comercialização da energia gerada é distribuído aos detentores do token, ou seja, quanto mais energia gerada for vendida, mais os investidores recebem retorno.

No caso da IPE Assets os tokens financiam a construção da usina, que passa a injetar energia na rede da Centrais Elétricas Santa Catarina (Celesc). Essa energia é compensada em uma cooperativa e os rendimentos são distribuídos proporcionalmente aos investidores. O processo é 100% online, com liquidez imediata e com alta transparência garantida por smart contracts.Apesar de rentável, a tokenização de energia renovável ainda enfrenta o desafio de não ter uma regulação específica. Além disso, a ampliação da adesão requer uma maturidade cultural que combina compreensão da tecnologia blockchain, princípios ESG e transição energética. Todavia, o modelo tem potencial para incluir pequenos investidores em um mercado historicamente restrito a grandes grupos.

Fontes: Valor, Exame, Energês