Moeda social

Moeda social: complementar à moeda oficial. Pode ser usada em troca de bens e produtos e, atualmente, já nasce associada à blockchain
Imagem: Mathieu Stern/Unsplash

Quando falamos em moeda brasileira, a maioria das pessoas pensa logo no Real, que é a unidade monetária brasileira instituída desde 1994 até os dias de hoje. Mais recentemente, conhecemos os testes do Drex, a moeda digital que ainda está em implantação pelo Banco Central. Mas, você sabia que o  Brasil tem pelo menos 150 moedas sociais, que permeiam diferentes regiões do país? A moeda social é um instrumento complementar à moeda oficial, ou seja, uma alternativa que pode ser usada em troca de bens, produtos e serviços.

A moeda social se apresenta como uma forma peculiar de moeda, emitida e utilizada exclusivamente dentro de comunidades específicas, visando, muitas vezes, impulsionar a economia local. Estas moedas  têm a circulação delimitada a uma área geográfica definida e, frequentemente, encontram  respaldo em  uma moeda   nacional,  como  o Real no contexto brasileiro. Elas não  buscam substituir a moeda nacional, mas atuam como um instrumento complementar para transações dentro da comunidade. O propósito principal é o estímulo à circulação de dinheiro e, em algumas situações, no incremento da arrecadação de impostos.

Atualmente, as moedas sociais já nascem associadas à tecnologia blockchain. Por exemplo, uma rede de fomento no Rio de Janeiro criou a moeda social complementar MUDA, que permite recuperar a autonomia, evidenciar e circular a abundância existente na comunidade. A moeda social está ancorada na plataforma digital da Cambiatus, que opera com a tecnologia blockchain

Dentro da Cambiatus, os membros da comunidade realizam a troca. A moeda é a ferramenta pela qual os integrantes da rede interagem e onde disponibilizam nossos dons e dádivas. O objetivo da constituição da rede é criar mecanismos simples, que possam acionar outros modos de pensamento, atualizando formas de convívio em sociedade, a partir de um paradigma de abundância.

Efeito social

Outro exemplo é o município de Santo Antônio da Alegria, no interior de São Paulo, que anunciou a criação da primeira criptomoeda municipal de uma cidade no Brasil. A criptomoeda municipal, denominada “Alegria”, foi implementada em parceria com C9 Tech, Tanssi, Polkadot e ICT Inova Brasil. A solução integrada inclui máquinas POS ou celulares com NFC para os estabelecimentos e um cartão físico com carteira web3 integrada para os usuários, eliminando a necessidade de intermediários tradicionais, como bancos.

Mais recentemente, foi criada a moeda social Aratu no município de Indiaroba, em Sergipe, que conta com cerca de 18 mil habitantes, tendo as mulheres marisqueiras como base da economia local. Desenvolvida no âmbito da Rede Blockchain Brasil (RBB), a Aratu foi viabilizada por meio de uma parceria entre a Chainlink, o Instituto Plexos, a EDinheiro e a própria RBB. Utilizando tecnologia blockchain, a moeda busca fortalecer a economia solidária, promover o desenvolvimento territorial e incentivar a circulação de recursos dentro da própria comunidade, com transparência e autonomia financeira.

A implementação de moedas sociais representa uma abordagem inovadora na promoção de economias mais inclusivas e sustentáveis. Ao incentivar o comércio local, essas iniciativas fortalecem as bases econômicas das comunidades e fomentam um senso de cooperação e interdependência entre os membros. As moedas sociais se apresentam como importantes ferramentas na busca por modelos econômicos mais equitativos e socialmente responsáveis.

Fontes: Revista Carioca de Direito, Cointelegraph, MUDA e Exame.