
Com o avanço dos computadores quânticos, a segurança das redes blockchain enfrenta um novo desafio. Algoritmos de criptografia amplamente utilizados hoje podem se tornar vulneráveis a ataques capazes de decifrar dados em poucos instantes. Para proteger as blockchains desse cenário, pesquisadores vêm desenvolvendo soluções baseadas na criptografia pós-quântica (PQC), algoritmos projetados para resistir ao poder da computação quântica.
Nesse contexto, o grupo de trabalho BBPQ (Benchmark de Blockchain Pós-Quântica) desenvolve e avalia o uso da PQC em redes blockchain, com foco na Hyperledger Fabric. A iniciativa integra o Projeto Ilíada, com apoio da RNP, e busca soluções que permitam uma transição segura e eficiente entre a criptografia tradicional e a pós-quântica.
O grupo, coordenado pelo professor Alexandre Augusto Girón, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), aposta no modo híbrido, que combina algoritmos clássicos e pós-quânticos para manter a confiança e reduzir riscos durante a migração.
Entre as atividades de desenvolvimento, o BBPQ já integrou 34 variantes de algoritmos pós-quânticos em sua API (sigla em inglês para Application Programming Interface, ou Interface de Programação de Aplicativos) e implementou mecanismos de proteção contra ataques do tipo stripping (que tentam remover partes de assinaturas digitais). Além disso, o GT iniciou a integração da PQC ao Hyperledger Fabric, tanto nas operações de autenticação (assinaturas digitais) quanto nas conexões entre os nós da rede.
Isso significa que os pesquisadores estão criando condições para que redes blockchain permissionadas adotem algoritmos resistentes a ataques quânticos, sem comprometer sua performance e interoperabilidade. Além disso, o grupo conduz benchmarks (testes comparativos que medem o desempenho de sistemas sob diferentes condições) e experimentos práticos para avaliar o impacto da criptografia pós-quântica no desempenho e no armazenamento de dados em blockchain.
Os resultados preliminares indicam que o custo adicional tende a se diluir com o tempo e que assinaturas mais compactas, como as do algoritmo MAI02 (uma proposta alternativa ao padrão atual de assinaturas digitais) podem reduzir significativamente o impacto em termos de espaço.
O GTBBPQ espera disponibilizar as implementações à comunidade, além de recomendar as melhores combinações de algoritmos com base em dados empíricos, fortalecendo a segurança e a confiabilidade das blockchains em um cenário pós-quântico.
Para saber mais sobre o trabalho, assista à apresentação do professor Alexandre Augusto Girón na Comunidade de Especialistas do Observatório Nacional de Blockchain: https://eduplay.rnp.br/app/video/351655 ou confira: https://observatorioblockchain.org.br/wp-content/uploads/2025/08/ApresentacaoGT_BBPQ_26Ago25.pdf