
A tecnologia blockchain também é capaz de auxiliar na gestão de riscos climáticos e vem se consolidando como uma ferramenta estratégica para antecipar, monitorar e responder a eventos extremos. À medida que enchentes, deslizamentos e secas se tornam mais frequentes e intensos, especialmente em países como o Brasil, onde mais de 1.900 municípios são vulneráveis a esses desastres, cresce a necessidade de soluções tecnológicas robustas para a prevenção de desastres climáticos.
A blockchain surge como uma possível resposta a esse problema, permitindo a criação de redes distribuídas capazes de conectar sensores físicos, modelos preditivos e plataformas de alerta precoce. Esses sistemas descentralizados garantem que dados críticos, como detecção de tremores, aumento do nível dos rios ou mudanças súbitas na temperatura do ar, sejam compartilhados em tempo real, sem depender de um único ponto de controle.
Combinada a sensores IoT, inteligência artificial e informações geoespaciais, a blockchain viabiliza estratégias integradas de prevenção, mitigação e resposta. No Brasil, a PlataformaVerde já utiliza a tecnologia para rastrear a produção, o transporte e a destinação de resíduos sólidos em empresas e municípios, inibindo práticas irregulares e contribuindo para a redução da poluição, além de evitar a contaminação de solos e combater o surgimento de lixões clandestinos.
Fora dos limites do nosso território, outras iniciativas também se destacam, como a OpenSC, desenvolvida pela WWF-Austrália e pela BCG Digital, que usa blockchain para rastrear a origem e o impacto ambiental de produtos e alimentos ao longo da cadeia de produção. Outro exemplo é o programa “Unblocked Cash”, criado pela ONG VBRC em parceria com a Oxfam, que utiliza contratos inteligentes para transferências humanitárias diretas em cenários de desastres, garantindo mais agilidade e segurança no envio de recursos às populações afetadas.
Um outro exemplo é a QUAKECore, empresa que desenvolve uma rede descentralizada para detecção sísmica. A proposta é conectar sensores instalados em residências, escritórios e espaços públicos a uma infraestrutura baseada em blockchain, capaz de registrar e compartilhar dados sobre tremores de terra em tempo real. Além de contribuir para a emissão de alertas precoces e para a segurança coletiva, os participantes que fornecem dados relevantes são recompensados com tokens digitais, estimulando a colaboração cidadã e a construção de uma rede global de monitoramento sísmico.
Fontes: Ekos Brasil, Ipea e QuakeCore