Blockchain contra fraude em alimentos e bebidas

A tecnologia blockchain pode ser uma aliada contra fraude em alimentos e bebidas e desempenhar um importante papel na saúde pública. Isso porque, com a rastreabilidade, é possível identificar todos os caminhos de diversos produtos. Dessa forma, é possível evitar práticas que comprometem a confiança do consumidor, além de acarretar riscos à saúde, como contaminações ou alergias não identificadas.

No Brasil, um exemplo significativo é o Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade (Sibraar), desenvolvido pela Embrapa Agricultura Digital. Empresas do setor privado também têm adotado soluções baseadas em blockchain. O Carrefour, por exemplo, implementou a tecnologia para garantir 100% de rastreabilidade em suas marcas próprias, permitindo que os consumidores acessem informações detalhadas sobre a origem e o processo de produção dos produtos. Além disso, já temos registrados no Observatório alguns casos de uso para a rastreabilidade do açúcar mascavo, carne de boi e café.

Esses exemplos mostram que, além de combater fraudes, a blockchain também facilita a conformidade com regulamentações sanitárias, como a RDC nº 216/2004 da Anvisa, que estabelece padrões para serviços de alimentação. Ao integrar essa tecnologia, empresas podem assegurar que seus processos atendem aos requisitos legais e padrões de segurança alimentar.

No setor de bebidas, a rastreabilidade é igualmente essencial. Com a crescente demanda por produtos autênticos e de qualidade, os consumidores exigem transparência sobre a origem e composição das bebidas que consomem. O uso de blockchain nesse contexto previne fraudes, além de fortalecer a confiança do consumidor, protegendo a saúde pública e atendendo às expectativas de um mercado cada vez mais consciente e exigente.

Um exemplo internacional é da William Grant & Sons, empresa escocesa com mais de 130 anos de história, que implementou um sistema que registra todo o processo de destilação e fabricação do uísque, desde a origem até o ponto de venda. Essa iniciativa visa combater a falsificação de bebidas alcoólicas no Reino Unido, além de proporcionar aos consumidores informações detalhadas sobre a autenticidade e qualidade do produto.

No Brasil, existem projetos de rastreabilidade de vinhos, em que o consumidor final pode acessar um QRCode impresso no contra-rótulo para acessar a documentação completa da vinícola, o registro da área produtiva, além de outras informações sobre o vinho. Esse tipo de aplicação é muito útil para contextos de crise de confiança na procedência, como no caso da intoxicação por metanol em bebidas destiladas no Brasil. Recentemente, o país registrou mortes e danos à saúde em vários estados, levando as autoridades a recomendarem a suspensão de consumo. Portanto, o uso da blockchain nesse setor pode ser uma alternativa para garantir a segurança e a saúde pública.

Fonte: Serasa Experian, Cointelegraph